quinta-feira, 21 de abril de 2022

um sonho

 


Sonhei hj q caminhava por aí e foi um sonho muito real. Poucos amigos sabem (n dá tempo pra conversar de tudo), mas há bastantes anos, recorrentemente, eu sonho que estou em uma São Thomé q n é, na real, São Thomé. Mas remete muito a esse lugar. E sempre acordei com uma sensação muito clara de que esse lugar do sonho remete a um lugar da minha espiritualidade. Essa noite, depois de muuuuito tempo (se bobear uns dois anos), eu caminhei por lá. Eu saía para caminhar de manhã e era um dia pós chuva, com sinais da luz do sol apontando. No sonho, eu percebia que o lugar estava um pouco abandonado...mato crescendo em alguns pontos, não deixando de ser um lugar bonito e especial. Saí pela rua, e, de algum jeito, sei que estava procurando por algumas pessoas. Encontrei algumas... poucas. Umas, eu não conhecia e outras, já. Tive conversas. Acordei com aquela sensação de sonho vivido que não me visitava há tempos. Quis escrever um mini texto, embora esteja escrevendo muito ultimamente, para saudar, com amor, esse lugar, que também é dentro de mim. Por onde o sol está apontando. Essa é a história. AHO 💚

sábado, 4 de dezembro de 2021

Interstícios

De dia sou brilhante
nas noites: obscura
(sometimes, poeta)
Eu não ligo de me camuflar
em uma suposta dualidade 
(que sei que não existe)
O que quero dizer 
é que há espaço aqui
para a tristeza - também
para os tons cinzas e pálidos
nos interstícios das alegrias vibrantes
e integradamente luminosas
Há espaço para o vazio
(Ainda 
há espaço 
para o vazio)
que da mesma forma me alimenta
porque nas ausências
encontro 
um ritmo de reticências
que transmuta a vida 
 em mistério - em aberto
nos dias 
em que não quero
simplicidade.
Então eu espero
a) pelo meu suspiro
b) pelo virar da página 
Em branco.
c) por me reconhecer
Como uma mulher
Livre
Que ainda sabe
 esperar.
Que não cabe
em linhas estreitas
Que
ainda
clama
(por diferentes
motivos.
ou nenhum.)
Que arde.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

roots


 Roots - Amanda Oleander (2019)

A história é sobre (des)enraizamento. Até que ponto é bom e até que ponto não é. Meus movimentos são de soltura, mas, eu sinto muita saudade. Kusch ajudaria nessa discussão. Mas, eu sou uma mochileira que volta para casa. A casa corpo, a casa cidade, a casa amigos.
Hoje eu vi essa arte e reconheci nela um movimento repetitivo dos últimos anos. Não é sobre tentar criar raiz... é sobre entender como deixo as minhas um pouco menos rígidas, sem cortá-las. É sobre como aprender a florescer, de verdade, em outro lugar. 
Estou tentando descobrir. 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

De volta

 Eu realmente não queria que "virar acadêmica" pudesse vir a me distanciar de uma escrita mais intuitiva.

Mas... nem tudo na vida acontece do jeito que a gente quer ou planeja! E é nois.

Hoje (na real ontem, mas ainda n dormi) foi o dia da poesia...e eu me dei o direito a me ler, em outras épocas e em outras palavras.  

(parênteses: gostaria de dizer que esse relógio está errado. e eu não sei ajeitá-lo, since 2008)

E a retomar esse espaço virtual...que acessa tantos outros espaços dentro de mim. Um respiro...um sopro lírico em uma vida que não quer se acomodar ao pragmatismo. 

Hoje eu ouvi algumas músicas do passado...a nostalgia continua residindo por aqui...e foi só eu voltar a escrever aqui que as reticências já voltaram...rs

Sintonizei a minha escuta, essa madrugada, com a música que toca dentro de mim. É a música que faz minha alma cantar e eu dancei, de olhos fechados. Peguei nas minhas mãos e me conduzi... nesse encontro comigo mesma. Eu chorei e sorri. Senti que mesmo tendo mudado tanto (ainda bem!), em algumas nuances, eu continuo a mesma (ainda bem, também).

Quero que essa escrita seja simples. 

(confesso que há pouco tempo conheci um cara metido a filósofo - na real ele é um filósofo - e a escrita dele cheia de reticências me irritou)

Isso é um pouco da vida, em 2021. Ansiando por novas fatias (sempre)

Quero realmente que essa escrita seja simples. A profundidade eu vivi aqui dentro. 

Estou de volta.


quinta-feira, 26 de maio de 2016

Referências 25.05


Às vezes
queria ter a beleza
da Debbie Harry ou 
da Anja Huwe
na década de 80
mas a década de 80 acabou
Escrever
linhas-rupturas
de paradigmas
como o Joyce ou o Bukowisk
Haicais da Alice
o intangível de Clarice
o sertão de Guimarães
Ter a paz embaralhada
do Perfect Day de Lou Reed
ou a aventura ritmada
de Nick Cave em Stagger Lee
Mergulhar
na descontinuidade
de um quadro do kandinsky
para aqui dentro, juntar tudo
Um dia de sol do cerrado
a simplicidade
de Mestre Irineu
conexão e bailado
espaços revisitados
nada mais além que
eu.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Dos lugares e referências: a força do território que reside em mim.

Sempre me relacionei com territórios. Sempre me relacionei com literatura e a arte.Sem querer levar o texto para o tom acadêmico (não mesmo!), mas a definição da Iamamoto acerca do território enquanto tecido vivo de contradições e vulnerabilidades (entendendo aqui a vulnerabilidade também como uma oportunidade) me fascina.Milton Santos que, para além do conceito de espaço geográfico e natural, trouxe também novas nuances para essa compreensão. Desde a horizontalidade e a verticalidade nas relações estabelecidas, ou mesmo pensando a gama de subjetividades manifestas na malha do lugar. Do aqui. E o aqui, fenomenologicamente também sempre me atraiu.É... Sempre me relacionei com territórios. Percebi isso, com ainda mais força, quando, ao deixar São Paulo, observei em mim uma necessidade muito forte de não só me despedir dos meus amigos... eu precisava me despedir dos lugares, e de tudo que eles me contaram, e certamente ainda contarão para mim, ao longo da minha existência.Desde o pôr do sol na periferia de São Paulo, onde eu trabalhava com Medidas Socioeducativas e fazia as visitas domiciliares uma vez ao mês, o pôr do sol que tingia com cores belas um cenário vulnerável. Sempre achei que na periferia a maioria das pessoas se relaciona com o espaço de uma maneira mais próxima e com mais identidade.E me orgulho de ter crescido em um bairro periférico e lá ter amadurecido meu olhar para as contradições cotidianas e para as necessárias subversões. Até o dia em que eu optei por morar no centro.O centro de SP me fala de amor e de história. De diversidade cultural... ele também me diz que preciso ser forte...de ferro (tipo Itabira para Drummond) e que há uma certa dose de beleza na decadência, afinal, ela também é humana.Morar no centro me fez reforçar o lugar conquistado no lado de fora..no underground, E entender que a inadequação pode ser sim bem legal. E seguir caminhando pelo 'wild side'...Apreendi tantas coisas, lançando meu olhar Roseano, ora poético e ora sociológico e político...Nas montanhas do sul de Minas eu entendi que preciso olhar o horizonte para me reorganizar...e posso ficar fazendo só isso por horas e horas seguidas sem me preocupar com as chatices virtuais da atualidade: preciso da natureza.Estou em trânsito... Seguindo agora pela Serra Gaúcha, e por mais quantos espaços eu sentir que devo que andar.E tecer sartreanamente novos sentidos (ou como Simone de Beauvoir): O que importa é a bússola Existencial que me norteia no encontro com as pessoas (humanisticamente), e respeita o meu tempo próprio para me mostrar.Às vezes quero ser quieta. Coisa de criança introspectiva... mas sei que tenho muito a comunicar.Você se sente acolhido pelo território quando compreende (e sente) que a sua primeira casa está no seu corpo, na sua senso percepção... E aí, deixo o frio que vem lá de fora se instalar e olho para esse novo momento.Escrevo sobre educação não formal traçando convergências com o conceito de cidade educadora. Ansiando a prática do conceito: a Universidade como prestadora de serviços reais para a comunidade.Nessas horas eu me reconheço como uma criadora de possibilidades. E criar novos sentidos me faz cantar a verdadeira canção do meu coração.


quinta-feira, 7 de maio de 2015

a pizza

Hoje acordei meio tristinha. Daquelas tristezas que cabem no bolso e você leva pra passear.
De fato, são muitas coisas diferentes acontecendo na minha vida. Somadas à justificativa biológica da TPM, à justificativa climática, já que esse tempinho frio e cinza me deixa melancólica, à justificativa política, já que eu tenho o direito de me sentir assim e... à justificativa existencial de que se danem as justificativas. Sou uma possibilidade de ser (triste) também!
Enfim... coisas. Da vida.

Em dias assim, o melhor que tenho a fazer é ficar em silêncio e andar e escrever: diferentes tipos de movimentos que acabam me lembrando afirmativamente... que a vida também é movimento.
Mas hoje algo diferente aconteceu. Foi um dia truncado, difícil – do lado de fora também. Estava andando pela Augusta depois de me solidarizar com a greve dos professores, soube que o metrô de São Paulo estava mais caótico que o habitual. Desde janeiro ando pela Augusta em clima de despedida. Parei para tomar um café onde sempre costumo parar, e depois de esperar uns 20 minutos sem nem sinal do café, resolvi subversivamente, levantar e vazar daquele lugar, por estar sem a menor paciência.
Daí... me vi sem paciência.
Sem paciência pelas coisas não acontecerem no ritmo, intensidade e forma que anseio. E eu me vi egoísta. Vi a mim mesma humanamente confusa e, de vez em quando, perdida.
Já que não tive o meu desejo cafeinado suprido, fui para o plano B, regado a suco verde e naturebas afins. Comi em um local no qual eu mesma me servi, no meu tempo (tão bom poder atender ao meu generalzinho interno, de vez em quando)... mas senti que não era só isso.

Do outro lado da rua, as luzes do Pedaço da Pizza ganharam minha atenção. O Pedaço da Pizza é uma antiga pizzaria na Augusta, famosa por estar cheia de adolescentes (às vezes?) chatos, mas estava cedo, e estava vazio, e o calor do forno certamente me ajudaria com o frio (sim. tenho sérios problemas com o frio.).
A pizza de banana com chocolate calou a boca do meu generalzinho interno. Ela o tirou para dançar! Despiu a sua farda, encheu-o de flores coloridas tecidas pela psicodelia mais pura e simples, e fez com que ele percebesse (novamente) que na vida não precisamos de tanta rigidez... nem sempre as coisas precisam ser do jeitinho exato que queremos...afinal, existe chocolate, dentre outros fatores!
...E minhas papilas gustativas simplesmente seguiram o bailado conduzido por uma conexão que (talvez) nem três doses de ayahuaska favoreceriam.

Se eu pudesse dar um conselho para a humanidade hoje seria: Coma a pizza de banana e chocolate do Pedaço da Pizza!
Está tristinho? Sem perspectivas? A menina ou o cara com quem você saiu não te ligou? Leu muitos comentários nos posts políticos do facebook? 
Pizza! E dessa vez, sem obedecer ao clichê de que no Brasil tudo acaba em pizza. Essa pizza da qual estou falando foi reintegradora... a última coisa que ela seria no mundo: superficial.

Hoje todos os meus pequenos grandes problemas foram sanados por uma pizza de chocolate com banana. E, de quebra, ainda escrevi meia dúzia de besteiras sobre isso.
Assim, vivi a fatia mais plena do meu dia. Ansiando por dias em que as fatias mais integradoras não sejam necessariamente comestíveis (minha “boa” forma e minha inclinação às relações humanas agradecem ...rs). Mas, por ora... viva a banana e, ah... o chocolate!